Neste ano, na agenda do Clube de Leitura Escritoras Asiáticas, metade dos títulos são de escritoras árabes. Pode-se dizer que há um boom de tradução de literatura árabe no Brasil, encabeçado pela Editora Tabla.
Algumas vezes árabes e judeus não são considerados asiáticos por serem brancos. Mas vários países de cultura árabe estão situados no Oriente Médio. Ou seja, no continente asiático.
Desde sempre narrativas árabes viralizam no Ocidente. Desde os contos de “Mil e uma noites”, Ali-Babá e os 40 ladrões” e poemas de Omar Khayan. Hollywood ajudou a consolidar um oriente povoado por desertos, oásis, camelos, beduínos, dançarinas do ventre, cimitarras, Omar Shariff, a milenar sabedoria oriental.
O escritor palestino Edward Said ensinou que o Orientalismo nada tem de inocente. Através do travestimento o personagem transmitia mensagens de embranquecimento. A partir da obra de Said, este imaginário começa a ser repensado.
Com a emergência das escritoras árabes a partir dos anos 2000, o oriente deixa de ser objeto para ser sujeito. As escritoras discutem questões políticas, como o genocídio étnico, o feminismo, identidade e diáspora. No Clube de Leitura Escritoras Asiáticas começamos timidamente, mas já passeamos por países como Irã, Israel, Palestina, Turquia, Paquistão e Síria, com obras que tocam o dedo em feridas culturais, como a misoginia do islamismo e a guerra no Oriente Médio .
Para ler mais:
Orientalismo, O Oriente Como Invenção Do Ocidente. Edward Said. Companhia das letras, 2007. Publicado em 1978, este livro abre caminho para os Estudos Pós-Coloniais e a Teoria Crítica das Raças. Said mostra como a representação fantasiosa que Ocidente fez de Oriente e naturalizada pela comunidade científica e pelo imaginário popular ocidental foi uma forma de o Ocidente se (auto)definir encontrando um Outro, o oriental, que ajudasse a elevar a si mesmo e legitimar interesses colonialistas.
Clube de Leitura Escritoras Asiáticas (já lidos)
19/03/2022. O alforje, Bahiyyih Nakhjavan, Irã.
10/12/2022. Bordados, Marjane Satrapi, Irã.
29/04/2023. Uma noite, Markovitch. Ayelet Gundar-Goshen. Israel.
19/08/2023. Tornar-se palestina. Lina Meruane. Chile/Palestina.
20/02/2024. Detalhe menor, Adania Shibli. Palestina.
23/03/2024. 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, Elif Shafak. Turquia.
18/05/2024. Lar em chamas, Lamila Shamsie. Inglaterra/Paquistão.
23/11/2024. A família que devorou seus homens, Dimma Wanus. Siria.
Agenda 2025
15 /02. Correio Noturno, de Hoda Barakat. Líbano.
21/06. Damas da lua, Jokha Alharti. Omã.
23/08. Uma mulher não é um homem, Etaf Rum. Palestina.
20 /09. Tortura Branca, Narges Mohammadi. Irã.
22/11. Uma mulher estranha, Leylâ Erbil. Turquia.
Amei as dicas! Ando me atentando mais para o catálogo da Tabla e não me arrependo. O último foi Correio Noturno. Que livro bom :) acho que agora vou para O Alforje.
Anotei os livros das iranianas.
Da lista de 2025 já li dois.